sexta-feira, 6 de maio de 2016

"Eu quero meus brinquedos novamente." Mário Quintana

O costume de consertar os objetos queridos, especialmente os brinquedos, foi uma coisa que me fascinou durante toda  a infância.  As bruxinhas de pano, gastas pelo uso intenso nas brincadeiras, quando eram recuperadas pelas vós e tias, reencantavam-se.  Era um prazer dobrado andar com elas pelas ruas mágicas da imaginação. Era assim com todos os brinquedos. Estavam sempre renascendo das cinzas e, dificilmente,  eram jogados fora.
Por isso, curti muito escrever a história da menina Olímpia na Casa de Consertos de brinquedos de sua vó, Dona Sofia.  Foi muito divertido  dar forma a um encantamento guardado para sempre  na memória.


Dona Sofia, uma enfermeira aposentada, abre uma oficina de consertos de brinquedos na casa onde reside. Dona Sofia é uma leitora apaixonada por literatura e, além de consertar os brinquedos quebrados, conversa muito com seus fregueses e receita leituras literárias, conforme as queixas existenciais de cada um.
  Olímpia,  neta de dona Sofia,  passa as férias na Casa de consertos e auxilia a avó atendendo os fregueses ao telefone. A menina não se limita a atender os pedidos de consertos. Puxa conversa, pergunta sobre a história do brinquedo a ser reformado, e não se furta a dar suas opiniões sobre as histórias que ouve, resultando em diálogos engraçados e poéticos.
   Dona Marília, uma velhinha solitária, manda consertar a bailarina, que foi presente do primeiro namorado.  Gosta tanto de falar com Olímpia, que pede licença pra telefonar de vez em quando só para conversar.  Joaquim, o menino que envia um trenzinho para o conserto, aproveita para queixar-se da escola, que o colocou na fila dos fracos, só porque não aprendeu a ler rapidamente como queriam. Claro que a menina não deixa de opinar sobre este comportamento da escola!
    Há  um homem que quer colocar a mundo para conserto na oficina de Dona Sofia. Olímpia indica a este homem como ele pode começar a consertar o mundo....  Há o  pai de uma moça que foi estudar na Austrália e, de repente, esta moça pediu para a família mandar sua galinha dos ovos de ouro, com a qual brincou na infância.  Estes e muitos  outros personagens ligam para a casa de consertos.  Com todos Olímpia conversa, para todos ela  tem uma ideia, uma opinião, um parecer poético, e até um consolo, como não? Crianças sabem consolar os grandes muito bem. E como são originais e límpidos!

Um comentário:

  1. Nunca tinha pensado nisso, mas... gostava de ser um brinquedo. Pelo menos teria alguma utilidade.

    ResponderExcluir